O
silêncio, a escuridão, palavras, luzes difusas, tarefas domésticas, pensamento
recorrentes durante todo o dia. Desapegar de coisas, pessoas e histórias de
Amor passadas e futuras. No dedilhar técnico e viciado, os sentimentos mudam
sem fazer alarde. Visualizações repentinas mostram o desejo que está no corpo e
na alma de seres conectados. Promessas, imagens simples e puras de seu
cotidiano noturno. Há ao redor sua essência ainda não descoberta. A cara
lavada, fragilizada e assustada de ser pego. O desnudar simples de quem está
só. Palavras escolhidas com cuidado, sinônimos que disfarçam o que se quer
realmente dizer, embora remetente e destinatário a sabem muito bem. Há um
linguajar prazeroso e sutil. Como isso faz bem! Pois acreditam que há sorrisos em
outros lugares, inspirados no mesmo instante e no mesmo tremor. Aí o tempo pára
e os sonhos afloram, tendo um fio ligando seres por ora distantes. Há carinho,
há respeito, há um desejo igual pelo ar, que só dois amantes o reconhecem como
seu. (parte 1)
E o dia
que passou tão vazio, tão lento e silencioso, se agita e se agiganta com a
alegria que chegou repentinamente. Há pensamentos que se escondem. Há olhos que
veem mas não se mostram. Há uma vida vista e seguida no desapego disfarçado. E
os instantes descuidados, nos mostram aquilo que se quer esconder na ausência
imposta. São atos falhos inegáveis. E desses instantes se seguem outros,
imaginados e com certeza cumpridos. Há caminhos que se repetem em busca de
notícias, para se conhecer o presente, que se tornou passado e não foi vivido
mutuamente. Então, o coração acelera e o sorriso aflora na face, a felicidade
se instala naquele que percebe o instante. São as certezas de se saber amado,
estar no coração do Outro e isso encanta e alegra esse dia, anteriormente sem
emoção. (parte 2)
Irene Freitas
14/10/2015