Preste atenção
ao seu futuro. Às escolhas que fazes no presente. Não coloques escuridão,
pesar, tristeza, desânimo em sua velhice vindoura. Dispensas linhas que te
trazem amigos, novidades, lembranças, afetos, cuidados remotos com sua alma e
corpo.
Fazes
escolhas, com quem queres falar ou não. Ligas o silêncio temporário, cortando
elos de carinho distante, se exilando do mundo desconectando os contatos
listados no visor. Ficas ausente não só para os maus, mas também para os bons.
Caminhas,
sozinho, distraído e sem rumo definido, só para sair de casa, e fugir do “sempre
vazio lar” e do que ele representa. Às vezes até pensa, “ah vou-me embora”. Aí
lembra que não tem de quem ir-se.
Dormes
mais do que necessitas, assim seu sentido de solidão é quebrado em pedaços de
tempo adormecido. Por vezes, a angústia desconhecida te desperta na madrugada e leva junto seu sono
reparador.
Aprender
constantemente te faz se sentir pleno e capaz. Isso te dá uma vaidade escondida
no sorriso e exposta nas palavras que conheces bem, e um prazer íntimo pelos constantes pedidos de ajuda acadêmica, e no
orgulho de ter transmitido isso ao seu filho primogênito. Mas a quem deixarás
todo esse acúmulo de conhecimento, sem as letras impressas para contar toda a
sua trajetória de vida, recheada de histórias? Diga-se de passagem, dignas de
posteridade.
Amores.
Tens a escolher. Te dão com sinceridade, embora não consigas escolher qual o
mais próximo de teu coração. Corpos, camas, bocas, afetos cuidadores, casas,
lugares diferentes são parte de tua lista de escolhas, e o “pouso” depende
somente de teu estado de espírito e paciência. Queres que todas as tuas
escolhas sejam somente “únicas” contigo, mas tua conduta não age da mesma
forma.
Queres
a distância de lugares meio ermos e de pessoas desconhecidas, fora de teu
passado de amizades e do Bar dos Broxas. Esse teu desejo só te fará mais
solitário e triste e cada dia mais desanimado de sair da toca, do refugio que
esse teu futuro Lar te dará. Os teus futuros “vizinhos” não estranharão se “sumires”
por horas ou dias. Isso é mais um caminho/escolha para o isolamento, e com ele,
depressão, doenças, tristezas, etc. Sabes bem disso. Doutor.
More em
um lugar que ao abrir as janelas, te abram também opções de vida colorida e
entusiasta. Onde o vento matinal, e põe matinal nisso, te ofereça oportunidades
de sair e se encantar com o mundo e as pessoas. More onde colocar o pé na rua
te leve a centros culturais repletos de novidades, a cinemas alternativos e
instigantes, ou mesmo a cinemas comuns. Te leve ao frescor de parques e jardins
verdes ou floridos. E que o tempo de deslocamento entre esses lugares
prazerosos não seja obstáculo ou longo, mas somente possível, curto e
constante.
Não
quero te ver escolher caminhos de vida que te levem ao isolamento, à reclusão,
ao desânimo, num tempo futuro esperado, depois de anos de trabalho, quando
nosso “tempo de curtir” terá mais horas livres e possíveis, e opções infinitas.
Bom dia para ti!
Irene
Freitas
31/03/2014
11:52