Por mais que eu
busque, não consigo me encontrar. Envelheço e não me entendo. Continuo procurando a
outra metade de mim mesmo em outras pessoas, mas não consigo me doar e ser inteiro
para alguém. Todas as teorias lidas, relidas, estudadas, não impregnaram minha
alma. Sou um insensível cheio de cultura e saber. O livre arbítrio concedido não
me faz ser fiel, ser honesto, ser digno do amor que me dispensaram. Quantos
amores recebi? Poucos retribui com
sinceridade. Na solidão de todos os dias, nas noites insones ou madrugadas, as angústias, as perguntas abalam meu corpo
envelhecido e cansado das andanças de uma vida com mais de meio século. Os
afazeres diários camuflam minha vida medíocre, mas à noite no silêncio de um quarto desarrumado me
mostram como tenho uma vida tão pobre. De amigos, de felicidade, dinheiro e
sonhos. Tantos amores já passaram em minha trajetória e não tenho ninguém me
amando sinceramente ao meu lado. O que fiz com essas mulheres que conheci e
continuo buscando conhecer? Sou bom o bastante para despertar um amor mais
presente? Consigo inspirar confiança? Sei no meu mais íntimo ser, lá no fundo
de minha alma que não. Às que me perguntam se mereço confiança, respondo
cinicamente e com verdade disfarçada, que não. Não mereço o amor que me
dedicam. Os momentos que me dão, os presentes que recebo, o carinho que não
agradeço e/ou retribuo.. Sou um infiel costumaz. E isso é uma verdade
rotineira. Procuro tanto um amor em todas as rodas, em todos os cantos possíveis
e não o encontro em mim mesmo para que possa dar à alguém que o mereça. Será
que sei amar? Tantas mulheres, tantas possibilidades e não concretizo nenhuma
com sucesso duradouro. Na solidão comigo mesmo, reconheço que sou infeliz, que
o tempo passa rareando cada dia mais meu
caminho ao encontro do par, do envelhecer contando minhas inúmeras estórias de
vida e de luta. Meus estudos se perderão com o meu partir definitivamente. Onde
estarão guardados meus momentos? Onde estarão os sentimentos bons que
propaguei? Não sei. Sou um leão com os pelos marcados pelo tempo que tenho em
idade, meu corpo sinaliza meus anos de vida, e a degradação que meus nervos,
pele, sangue, músculos, coração e mente. Tenho lapsos de memória, sono demasiado,
manias de velho, e impaciência com o mundo. Não adianta buscar agora o que
deixei de doar aos outros seres durante tanto tempo. Hoje, talvez, esteja
recebendo de volta aquilo que me é de direito. Passei muito tempo da vida
indiferente aos sentimentos em minha volta, à dedicação sentimental que me deram
e agora busco freneticamente um pouco daquilo que desvalorizei. Estou cada dia
mais velho, mesmo que me esforce para continuar ativo, as forças me abandonam
devagar e continuamente. Não se pode voltar no tempo e espaço. Tenho que me
conformar, e continuar tentando amenizar a dor em meu peito, a sensação de
fracasso sentimental. Camuflar ainda mais minha solidão e com toda sinceridade
de minha alma, chorar o que for possível, reconhecer todos os erros, orar todos
os dias e horas, tentar encontrar em mim mesmo, razões para não me tornar um
velho tão infeliz e solitário. Deveria pedir
perdão em minhas orações, `a todas aquelas mulheres que conheci e não dei
valor. À todas as pessoas que me quiseram bem, à todas as oportunidades que
tive de ser uma pessoa melhor e não fui e hoje reconheço, não sou. É doloroso
esse silêncio, essa assustadora voz da consciência que me diz, me mostra todos
os meus erros. Vou chorar sozinho. Aqui posso fazê-lo, mas é tão triste isso.
Irene Freitas
22/01/2013
Triste destino é o daqueles que não se amam..O conhecimento vem sempre de fora ,as informações acumuladas ficam no banco da memória mas não tem serventia alguma quando não se tem sabedoria. O saber é algo internalizado. É preciso saber crescer, viver , amar e envelhecer.. E para ter consciência dos erros é preciso muita,mas muita sabedoria... Que triste!!!
ResponderExcluirQuando uma brisa empurrar sua janela
ResponderExcluirLembre-se que possa ser eu
Querendo entrar em seu quarto,
Deitar a seu lado,
Sentir o perfume de seu corpo,
E passar a noite com você
E de manhã quando o sol entrar
E iluminar seu quarto
Lembre-se que possa ser eu
Acordando-te para um novo dia,
Aquecendo-te o corpo e a alma,
Fazendo-te sentir meu calor
E quando a lua e estrelas
Brilharem no céu
Lembre-se que possam ser eu
Te desejando uma linda noite
Admir poeta