segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O mundo é cheio de surpresas!


Tem certas frases que marcam nossa vida. São tantas que às vezes é difícil enumerá-las. Mas uma marcou muito a vida de Clara recentemente. Foi dita por uma amiga, a Maria Rosa: “A carência é a pior conselheira”. E isso ficava martelando os pensamentos de Clara. Queria entender a situação angustiante pela qual estava passando. Não enxergava o óbvio, diziam suas amigas. O seu mais recente affair, Olavo não estava a fim dela, de qualquer tipo de compromisso, por menor que seja. Suas atitudes, seu descaso, seu desapego e falta de interesse eram claros e cristalinos. Se tivesse algum interesse, mostraria com atos seu afeto, seu apego, seu carinho. Telefonaria, procuraria saber como ela estava passando e programaria, ou então, aceitaria os inúmeros convites que ela lhe fazia. Os dois tinham uma estranha relação, indefinível mesmo. Na vida sempre buscamos alguém para estar ao nosso lado, ser amante, namorado, amigo, namorido, como hoje tanto se fala, mas não se sabia, nem mesmo Clara, como qualificar tal relacionamento. Tudo bem que os dois já não eram mais adolescentes, já tinham sido casados, com filhos também casados, netos até. Estavam entre a faixa de cinqüenta e sessenta anos, mas isso não deveria impedir a realização de prazeres compartilhados, desejar ser companhia um para o outro, um afago de vez em quando, dormir juntos na medida do possível. Clara morava sozinha, era fácil. Mas isso não acontecia com eles, embora Clara, começando a se apaixonar, gostaria de ter todos esses momentos com Olavo. Não era assim para ele. Olavo se colocava distante, inacessível, esquivo, silencioso, às vezes até sumia, não atendendo o celular, apesar das insistentes tentativas de Clara para manter contato. Tais situações a angustiava por demais e não conseguia entender o por quê. Questionava-se, onde tinha errado? Qual era seu defeito? Por que ele não gostava dela? Apesar de todo carinho que lhe dedicava. Então, telefonava para as amigas, muitas vezes altas horas da noite, tentando encontrar respostas apara as atitudes de Olavo, pois “quem está de fora vê melhor”.

Coitadas! Das amigas! Quantas horas passaram ouvindo seus soluções e suas lamentações. São umas santas, essas amigas. E esse “relacionamento estranho” durou poucos meses, com raríssimos encontros. Viajaram, mas não foi a maravilha sonhada por Clara, houve um problema que contarei mais tarde. Como era comum, um dia simplesmente Olavo sumiu. Não o achava em casa, nem atendia o celular. Então, num acesso de raiva com o descaso dele, de estar farta pelo comportamento tão insensível, pela falta de consideração com ela, acabou questionando pessoas próximas a ele sobre sua vida, se tinha namorada, se ela morava lá, para onde ele tinha ido, se viajou e para onde, enfim, essas coisas. Porém isso não deu em nada, pois não consegui as respostas, já que as pessoas eram amigas dele e não iriam se comprometer. A estória se espalhou e Olavo ficou sabendo do interrogatório, irado, desesperadamente revoltado por Clara ter invadido sua privacidade, questionando pessoas de seu círculo de amizade, não quis mais falar com Clara. Então, o que já estava ruim, ficou insuportável. O desespero, o desatino começou.

Continua......

Irene Freitas
30/10/2011

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